4ed Core Rules - primeiras impressões

Claramente estás a desconversar. Há alguns instantes atrás estava a haver estava a haver um debate saudável sobre rpg. A partir do momento em que traçamos as comparações que traçaste, caimos no campo do absurdo. Julgo que transmiti as minhas ideias de um modo claro e nada mais tenho a acrescentar. Leiam nelas o que quiserem. Não me parece que valha a pena continuar a discussão porque não me parece que dê em nada.

Despeço-me assim deste tópico com os sinceros desejos de muitas e divertidas sessões de rpg para todos, seja qual for o sistema jogado. Cumprimentos

MARCO GODINHO

Estás a levar a peito questões que não te dizem respeito, eu estava a responder ao Tularis, não te estava a responder a ti. O Tularis introduziu uma citação que nada adianta aos pontos que levantei, e eu limitei-me a responder recorrendo a um método argumentativo perfeitamente legítimo, a redução ao absurdo do argumento que ele invocou. Na argumentação o absurdo serve precisamente para demonstrar que um argumento que foi colocado na mesa não faz sentido. É exactamente o que sucede com o argumento do Tularis. Insisto, do Tularis, não teu.

Quanto ao que tu escreveste, limitei-me a formular um conjunto de questões. Questões, nota, não dei respostas, sem prejuízo de eu ter as minhas respostas, seja para o D&D, seja para outros jogos.

Sérgio Mascarenhas

[quote=Darth_TaQuinas]

Agradeço o vosso input no que diz respeito às mais-valias de outros sistemas (alguns que nem conhecia e que provavelmente vou querer conhecer), mas quem leu nos meus comentários algo do estilo «D&d é que faz tudo bem e o resto não presta», anda claramente equivocado.

[/quote]

Falando por mim, não li nada do que tu escreveste nesses termos, não sei onde foste colher essa impressão se a tens quanto ao que escrevi. E não leio nada de semelhante no que o Rui ou o Rick escreveram, também não me parece que eles tenham lido isso no que tu escreveste.

Por outro lado, não compreendo porque é que apontar para outros sistemas pode ser entendido como um olhar depreciativo para o D&D. Pelo que me toca as comparações são sempre úteis pois colocam as coisas em perspectiva.

Sérgio Mascarenhas

Bem, já foi dito aqui tanta coisa que nem sei por onde começar, mas vamos lá a ver. É preciso ver que há aqui gente que pelos vistos não se recorda exactamente o que RPG significa. Ora há aqui dois casos concretos, pessoas que desejam ter o Roleplay sem o Game e pessoas que pelos vistos querem o Game sem a parte de Roleplay.

O que muita gente parece não compreender ou aceitar é que D&D 4th contem ambos. Considerando que D&D foi o primeiro RPG que existiu e consultando a tão famosa Red Box que tanta polémica gerou já noutro thread, posso ver que já desde as primeiras edições que D&D apresenta um manual de regras que se centra mais na questão de character building e no combate do que explicar como fazer Roleplay ou em que o Roleplay consiste, dando apenas uns pointers para os jogadores novatos terem uma ideia do que isto se trata.

O que esta edição traz de novo é um sistema de combate melhor desenvolvido do que as edições anteriores, e sinceramente os core books mantêm a mesma organização que nas edições anteriores nunca tendo surgido um capítulo dedicado a "como fazer roleplay". Não percebo como só agora que o sistema se tornou mais refinado é que começaram a surgir as acusações de que D&D é um MMORPG ou Hack & Slash quando por essa ordem de ideias sempre o foi desde os primeiros tempos do jogo.

A verdade é que D&D tem uma máquina de marketing muito poderosa por trás e a companhia que a executa aproveita-se disso para capitalizar os rendimentos com o jogo. Nisto só posso dizer que compreendo a situação porque ao contrário do que muita gente pensa, as empresas existem com o objectivo de ter lucro e não de desenvolver e dar produtos gratuitamente aos seus consumidores.

Acho que devido a isto surge outro conceito errado que é o de D&D ser um jogo sobre matar monstros e pilhar tesouros. Ao contrário de outros jogos que são praticamente "stand alones", ou seja tens regras e ambientação e história do mundo tudo no mesmo livro, ex: Mouse Guard, D&D apresenta vários "universos" possíveis de serem utilizados, Dark Sun, Eberron, Forgotten Realms, apresentados em livros separados. Basta pegar no campaign setting de Eberron, que trata sobretudo de pulp action num ambiente muito "noir" onde a magia foi responsável pelo desenvolvimento, ao contrário da tecnologia no mundo real, e onde a intriga e conspirações predominam, para vermos que é bastante erróneo reduzir D&D a apenas um jogo sobre matar monstros. A coisa boa de D&D é que se quiserem pode ser um jogo sobre apenas isto mesmo, matar monstros, e se isso vos dá divertimento, então este apresenta o melhor sistema de jogo para o fazer. Mas na verdade D&D é bem mais do que isto.

Voltando ao meu ponto inicial, D&D é um RPG de fantasia medieval onde a componente Game está bem patente pelas regras elaboradas e se calhar frustrante para certas pessoas mais inclinadas a extravasar pseudo-intelectualismos do que passar tempo realmente a jogar um jogo. A essas pessoas recomendo antes que sejam dramaturgos ao invés de DMs ou utilizem outras formas de arte para isso.

Por outro lado há gente a querer dissociar a parte de Roleplay e ficar apenas com um Game. E nisso tenho de lamentar os últimos comments que vi aqui escritos. Pegar em frases soltas da citação do Tularis e desprover-las de contexto parece-me, isso sim, absurdo. Quando o Tularis se referiu a que cada um é que determina o que é "have fun" pode se ler nas frases anteriores da sua citação do DM guide que estávamos a falar do rácio roleplay/combate que os jogadores estão interessados em ter na sua campanha e não em actividades extra jogo como atirar livros a cabeças de pessoas... um RPG vai ter sempre uma componente que não vai aparecer nas regras ( a parte do Roleplay) mas essa componente vai fazer sempre parte do jogo na sua totalidade. Um RPG, qualquer que seja, não pode ser comparado a um Xadrez naquilo que faz parte ou não do jogo ter de vir detalhadamente nas regras, um RPG simplesmente não pode funcionar nesses parâmetros...

Mais um cavaleiro andante em defesa da sua Dama & Donzela... vamos a isso.

[quote=Lord_of_Blades]

Bem, já foi dito aqui tanta coisa que nem sei por onde começar, mas vamos lá a ver. É preciso ver que há aqui gente que pelos vistos não se recorda exactamente o que RPG significa.[/quote]

Depois de ler o teu longo texto fiquei na mesma, diga-se de passagem. Ele em nada ajuda a esclarecer o que RPG significa...

[quote]Considerando que D&D foi o primeiro RPG que existiu e consultando a tão famosa Red Box[/quote]

Há anos que leio com atenção tudo o que diz respeito à história do meu hóbi. Fiquei a saber, entre muitas outras coisas, que o D&D é tão pioneiro, mas mesmo tão pioneiro, que é anterior ao RPG. Quer dizer, ele começou por ser uma variante esquisita dos jogos de guerra, diferente o bastante para não lhe caber mais ser chamado jogo de guerra. E foi aí que alguém se lembrou de pegar numa expressão consagrada noutros contextos - role play - e chamar ao D&D um role playing game. E com muita razão, do meu modesto ponto de vista. Convém também dizer que o D&D em causa é anterior de uns anos à «famosa Red Box».

[quote]Não percebo como só agora que o sistema se tornou mais refinado é que começaram a surgir as acusações de que D&D é um MMORPG ou Hack & Slash[/quote]

Dou-te um «pointer»: os MMORPG são posteriores ao D&D. Outro «pointer»: os MMORPG procuram fundamentalmente transpor para um jogo de computador a experiência de jogar D&D (ou o tipo de rpg normalmente associado ao D&D). Ainda outro «pointer»: a expressão «Hack & Slash» surgiu para identificar uma certa forma de jogar D&D.

[quote]Acho que devido a isto surge outro conceito errado que é o de D&D ser um jogo sobre matar monstros e pilhar tesouros.[/quote]

Ainda no domínio dos «pointers», vai aos manuais das sucessivas edições de D&D, em particular das mais antigas, e vê qual é o critério fundamental para a progressão das personagens. Depois vem-me dizer que o «conceito errado» surgiu do nada ou das mentes perversas dos detractores de D&D...

[quote]D&D apresenta vários "universos" possíveis de serem utilizados, Dark Sun, Eberron, Forgotten Realms, apresentados em livros separados.[/quote]

E que são todos tão velhos como o D&D original, não é?

[quote]A coisa boa de D&D é que se quiserem pode ser um jogo sobre apenas isto mesmo, matar monstros, e se isso vos dá divertimento, então este apresenta o melhor sistema de jogo para o fazer. Mas na verdade D&D é bem mais do que isto.[/quote]

Eu até tenho a «Red Box» na sua versão portuguesa. Não, não encontro la muita coisa que seja «bem mais do que isto». E tenho o D&D4. É verdade, há lá «mais do que isto», o que não há lá é «bem mais do que isto». Quer dizer, o rácio de regras para combate vs. as regras para tudo o resto é tão desequilibrado a favor das regras para combate que não posso de forma alguma dizer que D&D4 «é bem mais do que isto».

[quote]Quando o Tularis se referiu a que cada um é que determina o que é "have fun" pode se ler nas frases anteriores da sua citação do DM guide que estávamos a falar do rácio roleplay/combate que os jogadores estão interessados em ter na sua campanha e não em actividades extra jogo como atirar livros a cabeças de pessoas...[/quote]

Pois, só que uma citação retirada ao calhas de um livro de jogo e descontextualizada do todo diz-nos Zero sobre esse todo. O D&D bem pode mostrar as mais belas intenções sobre um role playing abrangente que dá para tudo. Se depois não concretiza isso nas regras, a afirmação citada é completamente vácua.

[quote]um RPG vai ter sempre uma componente que não vai aparecer nas regras ( a parte do Roleplay) mas essa componente vai fazer sempre parte do jogo na sua totalidade.[/quote]

Há aqui uma premissa falsa, a de que o «Roleplay» não é para aparecer nas regras. Há imensos jogos com regras ou outras formas de tratar o roleplay. Há até jogos que são basicamente regras para roleplay, quase sem regras específicas para combate. Um que me vem sempre à mente, o HeroQuest (por sinal criado por um fulano que teve uma longa campanha de D&D4 e que contribuiu para várias publicações dedicadas ao D&D, nomeadamente ao D&D4, da WotC).

[quote]Um RPG, qualquer que seja, não pode ser comparado a um Xadrez naquilo que faz parte ou não do jogo ter de vir detalhadamente nas regras, um RPG simplesmente não pode funcionar nesses parâmetros...[/quote]

Porque... A afirmação é categórica, sim senhor, mas carece de demonstração.

Mais alguns dados:

O que eu mais gosto no D&D é aquilo que lhe é normalmente apontado como «defeitos» - roles, classes, níveis, etc. O que eu não gosto é a implementação concreta desses conceitos.

O que aqui se discute sobre o D&D é partilhado por muitos outros jogos de que eu gosto mais. Por exemplo, o meu jogo favorito de fantasia é o RuneQuest. Ora este tem também um forte desequilíbrio a favor do combate. É certo que vai muito além do D&D (qualquer edição) na cobertura de tudo o que não é combate, mas mesmo assim há um desequilíbrio.

Eu não considero que combate é jogo de guerra, não é jogo de personagens. Se a personagem é um guerreiro e é isso que eu quero jogar, ainda estou no domínio do jogo de personagens. Apenas, trata-se de personagens altamente especializadas, é tudo.

Simplesmente, quando comparo jogos tenho que ver o que cada um deles tem para dar. Assim, posso dizer por exemplo que do meu ponto de vista o RuneQuest tem as melhores regras de combate; cobre de forma adequada as acções que não são de combate. Que o Ars Magica tem as melhores regras de magia mas não cobre tão bem outras componentes do jogo. Que o HeroQuest tem o sistema mais flexível de criação de personagens, mas não me dá aspectos do combate que para mim são importantes. E por aí fora.

O que eu não entendo é porque é que os fans do D&D são tão sensíveis a qualquer comparação do seu jogo com outros e reagem: ou negando a comparabilidade; ou tentando à viva força dizer que o D&D faz tudo e mais um par de botas; ou atirando-se aos outros acusando-os de pseudo-intelectuais e coisas do género. Não dá.

Sérgio Mascarenhas

[quote=Lord_of_Blades]um RPG vai ter sempre uma componente que não vai aparecer nas regras ( a parte do Roleplay) mas essa componente vai fazer sempre parte do jogo na sua totalidade.[/quote]

Na verdade, isto também me faz muita confusão. A ideia errada que o roleplay nunca surge nas regras e não é quantificável mecanicamente. Existem bastantes roleplays, alguns deles superlativos, com regras especificas para fazer o roleplay das personagens. Vêm-me à ideia três: Mouse Guard onde os Beliefs e Instincts são o que definem a personalidade / instintos da personagem e recebem uma classificação em função de serem ou não cumpridos durante o jogo; Unknown Armies onde cada personagem tem uma Obsessão e os vários medidos de Insanidade permitem gerir o roleplay e Hollow Earth Expeditions onde cada personagem tem uma forte Motivação que cada vez que é cumprida é recompensada. Para além destes, nunca li The Shadow of Yesterday mas, pelos posts aqui no AoJ, parece-me que as Keys (acho que assim se chamam) definem o tipo de acções adequadas a cada situação.

Quem fala destes fala de outros, nomeadamente Burning Empires (independentemente da qualidade ou não das regras e do setting) tem extensas regras de roleplay onde o que interessa para a história é os Beliefs e Motivações das personagens.

O D&D vem beber de uma escola mais antiga, onde se dá primazia ao combate. Claro que existem os skills challenges mas nem todos os skills challenges são sociais, ao passo que resmas e resmas de poderes (dezenas de páginas) são dedicadas ao combate. É claro que cada jogador / grupo mete mais ou menos roleplay como bem entende mas a filosofia do jogo é a do combate e a do confronto físico. Isso por si não tem nada de mal. Afinal de contas, eu sou fã de sistemas que privilegiam o confronto físico, a acção e o aspecto táctico dos combates mas concordo com o Sérgio quando ele diz que os fãs de D&D têm a tendência para se sentirem atacados quando se compara o D&D a outros roleplay e se fala na sua vertente de combate.

[quote=smascrns]

Mais um cavaleiro andante em defesa da sua Dama & Donzela... vamos a isso.

[/quote]

O que dizer a isto?...enfim... adiante...

[quote] Depois de ler o teu longo texto fiquei na mesma, diga-se de passagem. Ele em nada ajuda a esclarecer o que RPG significa... [/quote]

Eu não disse que ia explicar o que é um RPG, acho que quem está a participar neste thread deve conhecer o conceito...

[quote] Dou-te um «pointer»: os MMORPG são posteriores ao D&D. Outro «pointer»: os MMORPG procuram fundamentalmente transpor para um jogo de computador a experiência de jogar D&D (ou o tipo de rpg normalmente associado ao D&D). Ainda outro «pointer»: a expressão «Hack & Slash» surgiu para identificar uma certa forma de jogar D&D. [/quote]

Aqui houve uma falha de expressão minha, o que eu queria dizer é: Porquê a 4th edition é considerada MMORPG ou Hack & Slash e as edições antigas não o são pelos jogadores actuais, tanto que muitos jogadores actualmente preferem continuar a jogar as edições anteriores (3.5, 2nd e anteriores).

[quote] Ainda no domínio dos «pointers», vai aos manuais das sucessivas edições de D&D, em particular das mais antigas, e vê qual é o critério fundamental para a progressão das personagens. Depois vem-me dizer que o «conceito errado» surgiu do nada ou das mentes perversas dos detractores de D&D...[/quote]

Fui eu próprio que referi que os manuais antigos se centram nisso mesmo... mas lendo o que vem em seguida...

[quote=Lord of Blades]D&D apresenta vários "universos" possíveis de serem utilizados, Dark Sun, Eberron, Forgotten Realms, apresentados em livros separados.[/quote]

[quote] E que são todos tão velhos como o D&D original, não é? [/quote]

D&D teve sempre ao longo dos anos core rules, centradas sim em combate, e expansões em livros separados, com ambientação e histórias, os chamados Campaign Settings. Os que dei como exemplo são os que estão a ser usados na 4th edition e realmente não são tão velhos como o D&D original. Mas... já que gostaste tanto da palavra "pointers" e pareces estar tão bem informado deste hobbie, vou te dar mais um pointer então. Conheces Greyhawk e Blackmoor? Greyhawk foi o set de regras que deu a independência de D&D em relação às regras do jogo Chainmail, e sim, a existência de Campaign Settings é tão velha (ou quase tão velha se quisermos ser absolutamente precisos) como o D&D original. Mas vê então o ano de lançamento destes settings... olha mais um pointer podes usar o google para isso....

[quote]Eu até tenho a «Red Box» na sua versão portuguesa. Não, não encontro la muita coisa que seja «bem mais do que isto». E tenho o D&D4. É verdade, há lá «mais do que isto», o que não há lá é «bem mais do que isto». Quer dizer, o rácio de regras para combate vs. as regras para tudo o resto é tão desequilibrado a favor das regras para combate que não posso de forma alguma dizer que D&D4 «é bem mais do que isto».[/quote]

Eu também tenho a Red Box e todas as edições desde essa à 4th ed. E mais uma vez digo que eu afirmei que as core rules de D&D sempre se centraram na questão do combate e que actualmente a única edição de D&D considerada MMORPG e Hack & Slash por muitos é a mais recente, facto o qual não compreendo.

Nos campaigns settings actuais, por exemplo Eberron, encontramos um livro de quase 300 páginas que nos fala de um mundo e da sua história e política e das personagens que fazem parte desse mundo. Nestas 300 páginas não vejo lá nada sobre matar monstros e explorar dungeons e pilhar tesouros, nem de regras de combate.

[quote] Pois, só que uma citação retirada ao calhas de um livro de jogo e descontextualizada do todo diz-nos Zero sobre esse todo. O D&D bem pode mostrar as mais belas intenções sobre um role playing abrangente que dá para tudo. Se depois não concretiza isso nas regras, a afirmação citada é completamente vácua.[/quote]

D&D não é um RPG abrangente que dá para tudo. É simplesmente um RPG sobre fantasia medieval e se o objectivo é usar outro tipo de ambientes, sejam Sci-fi, Cyberpunk ou o que seja, existem outros jogos bem melhores para isso.

[quote=Lord of Blades]]Um RPG, qualquer que seja, não pode ser comparado a um Xadrez naquilo que faz parte ou não do jogo ter de vir detalhadamente nas regras, um RPG simplesmente não pode funcionar nesses parâmetros...[/quote]

[quote]Porque... A afirmação é categórica, sim senhor, mas carece de demonstração.[/quote]

Um RPG inclui a utilização de uma coisa chamada Imaginação como utensílio para interpretar uma personagem e imaginar as situações descritas pelo DM. Haverá sempre aqui este elemento que não se pode confinar em regras. Um jogo de tabuleiro, como o Xadrez é isso mesmo, um jogo de tabuleiro, é o que está no tabuleiro e não passa daí, logo as regras têm que definir isso mesmo e o que se pode ou não fazer. Eu não posso simplesmente pegar num Peão e investir contra o Rei em linha recta só porque imagino que isso seria uma coisa heróica para um simples soldado fazer. Em D&D, ou noutro RPG, eu tenho essa possibilidade...

[quote]O que eu não entendo é porque é que os fans do D&D são tão sensíveis a qualquer comparação do seu jogo com outros e reagem: ou negando a comparabilidade; ou tentando à viva força dizer que o D&D faz tudo e mais um par de botas; ou atirando-se aos outros acusando-os de pseudo-intelectuais e coisas do género. Não dá. [/quote]

Não se trata de sensibilidade, já imensas vezes vi neste forum gente a falar de D&D, com uma arrogância desmedida, como um jogo que apenas coitadinhos que não conhecem outros jogos "que são obras de arte" jogam, e nunca decidi intervir com comentários. D&D tem limitações como é óbvio, mas não aceito que me digam que é apenas Hack & Slash porque eu sei que campanhas corro quando sou DM e qualquer jogador que tenha participado nas minhas campanhas sabe que detesto Hack & Slash e que as minhas campanhas nunca se centram nas exploração de dungeons, mas sim nas interacções entre personagens e na história. Se me perguntarem se há combate, sim há. E ainda bem que tenho o sistema de regras de combate de D&D a apoiar-me quando esses combates surgem.

E não, não sou um cavaleiro andante nem um paladino, sou apenas um gamer que deu a sua opinião sobre um jogo entre os vários que gosta bastante de jogar.

Isto faz-me lembrar as minhas antigas discussões com o DemonKnight, que eram muito mais picantes que estas trocas de galhardetes. :slight_smile:

[quote=Lord_of_Blades][/quote]

Acho que já ficou aqui amplamente demonstrado, parece-me que por três pessoas diferentes, que não se falava em ambientes, mas naquilo que as regras suportam. Que é, como tu próprio dizes, isto:

A mais nova edição do jogo é muitas vezes comparada (e por mim também, mas isso não me tira vontade a jogar Dark Sun) a um MMORPG, porque atribui papéis de combate aos personagens que não existiam, ou não eram tão vincados, em edições anteriores. O caso do ladrão DPSer, o caso do mago Controller, o caso do clérigo Healer, o caso do guerreiro Tank. Estou convencido que nesta discussão também já se falou sobre isto. Adiante.

Verdade, mas…

…isto não é totalmente verdade. Pessoas melhor versadas no xadrez que eu podem opinar sobre isto, mas do que sei sobre a história do xadrez é que este começou por ser uma representação de exércitos em batalha, uma forma de ensinar táctica e estratégia a jovens nobre pretendentes a generais. Não é de todo descabido imaginar grandes batalhas entre exércitos inimigos, neste sentido.

Eu não usaria xadrez para jogar rpg sobre exércitos, garantidamente, mas olha que cada vez mais há rpgs que incluem regras para combates entre exércitos, e ainda outros que incluem regras para gerir nações. Entre estes incluo o Exalted e o Reign, mas há de certeza outros.

Talvez fosse engraçado colocar a questão de porquê o D&D 4ed ter tanto enfoque em combate nas suas regras, e cada vez mais rpgs terem regras sobre combate de exércitos.

Por último, não vejas isto como um ataque pessoal, e também não vejas isto como um ataque ao D&D; neste momento considero o D&D 4ed como o melhor rpg para combate táctico, mas se for para fazer outras coisas, então tens muito mais e melhores opções no mercado.

Dito isto, estou curioso por ver como é o DMG2, depois de ler esta crítica (Review: “Dungeon Master’s Guide 2” — Critical Hits), e salientando isto:

[quote]This chapter is worth the price of admission alone, and from what I understand, is primarily the work of Robin Laws, no stranger to the world of writing about game mastering. Highlights of the chapter include the section on “Branching”, which talks about how the success or failure creates different options for how to progress with a story, and by introducing interesting complications into a story even when the PCs fail. There’s some resemblance to the GUMSHOE RPG, which should come as no surprise as it was also written by Mr. Laws.

The chapter continues with collaborative ways with your players to structure your campaign. There are suggestions on how to tie your PCs together with a theme and get motivations out of them, as well as establishing interrelationships between the PCs. (All things I did when starting my last campaign.) There are also suggestions on how to creative a collaborative plot with your players, and how to avoid a lot of the pitfalls of such a game. (You’ll hear that idea done a little at the beginning of one of our podcasts.)[/quote]

–~~–

Em breve coisinhas novas!

..que, pode não parecer, mas estamos todos practicamente de acordo.

[quote="Lord_of_Blades"]Não se trata de sensibilidade, já imensas vezes vi neste forum gente a falar de D&D, com uma arrogância desmedida, como um jogo que apenas coitadinhos que não conhecem outros jogos "que são obras de arte" jogam, e nunca decidi intervir com comentários.[/quote]Espero que este tópico também possa servir para enfim esclarecermos este mal-entendido que no ano passado levou a que algumas pessoas ficassem com esta impressão errada que no AbreoJogo haverá uma suposta opinião generalizada contra D&D.

Entre essas imensas vezes, queres apontar uma que evidencie essa arrogância desmedida? Não quero interpretar à partida o que isso quer dizer, mas será, por exemplo, alguém falar daquilo que não conhece? Será talvez fazer declarações demasiado generalizadas? Ou serão certas provocações e galhardetes a que aqui nos habituamos, mas que podem ter sido levadas a mal?

De resto, muita gente aqui joga e jogou D&D nas várias edições e nunca fiquei com a ideia que o considerassem um jogo menor - muito pelo contrário, a sua importância e popularidade são inegáveis. Agora, também muita gente aqui gosta de RPGs em geral, um pouco como - e eu já fiz esta comparação antes - como a malta do Top Gear gosta de carros, ou seja, à partida simpatizamos com qualquer coisa que tenha um motor, quatro rodas e um volante e quando dizemos mal ou bem ou fazemos comparações é de uma forma apaixonada e com uma linguagem por vezes exagerada. Isto não tem nada de artístico, arrogante ou pseudo-intelectual.

Não é natural que a maior parte destas conversas sejam acerca de possíveis comparações? E de falarmos exactamente do que é que está escrito e proposto nos livros de RPG que tanto gostamos e de como é que diferentes jogos lidam com diferentes questões concretas?

Além disso, como seria de esperar, ao tentarmos estas generalizações começamos a falar de conceitos esotéricos que só os mais viciados tentam discutir - coisas como "controlo de tracção" ou "potência real" ainda no caso dos carros - ou coisas como "regras", "ambiente" ou "roleplay". Como acontece em todas as áreas que practicamente têem um vocabulário próprio, muito tempo se perde com estas coisas, mas a malta tanto gosta disto que precisa de arranjar uma maneira de falar sobre todos os RPGs ao mesmo tempo e não só de um caso isolado e em absoluto.

Aqui está-me a parecer que, quando alguém começa a puxar para este lado mais geek do RPG, há sempre alguém que pensa "lá estás tu com essas esquisitices" e começa a levar a mal. Será isso?

Também se dá o caso que membros mais antigos do AbreoJogo já falaram não-sei-quantas vezes sobre o mesmo assunto e, quando voltam a um tópico semelhante, não querem repetir aquilo que já foi dito e então partem daquela atitude que é "toda a gente já sabe de que é que estamos a falar" quando podem não saber. Poderá também estar a acontecer isto.

Não poderia haver post mais moderado do que esse.

Eu por mim só ainda não participei neste thread porque ele em si não fala de nada de novo (já o vi ser debatido uma meia-dúzia de vezes por aqui) e porque no fundo estão todos a concordar com a ideia geral mas a discordar nos “rótulos” e a tentar adivinhar erradamente as intenções por detrás dos discursos uns dos outros.

Por isso avancem lá com o “aperto” e não me obriguem a pôr aqui aquele cartoon do “Someone is wrong in the Internet”.

sopadorpg.wordpress.com - Um roleplayer entre Santarém e Almeirim
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Parece-me então que não fui explicito. A ideia que tentava transmitir era a de que o d&d tem tanto combate quanto os jogadores quiserem que tenha. O mesmo se aplica ao Role Play. O facto de não se utilizar as regras de combate numa sessão de D&D, não quer dizer que estejamos a subverter o sentido do jogo (foi o que percebi do teu argumento em que contrapunhas o "por causa das regas" e o "apesar das regras"), simplesmente estamos a joga-lo como gostamos mais.

O teu recurso ao absurdo, é efectivamente absurdo e não vêm ajudar em nada esta discussão, porque o que citei do DM Guide mostra apenas que D&D tem tanto de hack and slash quanto os jogadores quiserem. Não vem lá escrito que fazer qualquer coisa com os livros é D&D

Creio que existe muito de verdade no discurso do Lord of Blades que entretanto foi refutado pelo smascrns e entretanto contra-refutado pelo LoB. O Rui levantou (e bem) algumas questões que referem que havia suporte em D&d nos settings ao nível da história, mas não haveria do ponto de vista de regras de roleplay. Mas uma leitura do Dungeon Master Guide 2 (muito bem lembrado, Rui) deverá surpreender muitos que afirmam que o foco das REGRAS de D&d é exclusivamente de combate. Estamos a falar de um livro dedicado a dicas de storytelling e de orientação de roleplay puro e duro. E é aí que uma vez mais se desmonta o argumento do MMO.

Mas não façamos confusões:nunca foi aqui dito que D&d era o que tinha as melhores regras para roleplay! Certamente que outros sistemas terão isso mais desenvolvido, o que não me faz confusão nenhuma. Disse isso uma carrada de vezes, só não lê quem não quer. O que houve aqui foi um conjunto de argumentos que pretendia mostrar que D&d não era só hack and slash ou um MMO, mas sendo sim como «bem mais do que isso». É nesse aspecto que assumirei sempre uma postura defensiva em relação a um dos meus jogos favoritos. Não o considero uma questão de sensibilidade, é apenas o meu direito de expressão de opinião num fórum «á la Top Gear» onde esse tipo de atitude deve ser encorajada.

Rick, evidentemente que o Abreojogo não tem uma opinião generalizada sobre D&d. Cada qual é responsável pelo que diz aqui e não se pode assim generalizar opiniões. Elas são bem diversas aqui. E hoje ficaram a conhecer a minha.

Jrnmariano, a discussão que aqui teve lugar é antiga e não trouxe nada de novo, é certo. Mas relembro que inicialmente apenas me propus a esclarecer algumas confusões relativamente a 4ª edição. Outros intervenientes aqui colocaram-me questões que orientaram a conversa nesta direcção. Não há absolutamente nada de mal nisso, mas se colocam uma questão é óbvio que vou-me sentir inclinado a responder, prolongando assim o debate.

Bem, agora sim parece que disse tudo o que tinha a dizer!Smile

Quando eu contrapus o «por causa das regras» com o «apesar das regras» estava a apontar para algo de bastante objectivo e fácil de verificar. Abre-se um livro de jogo, conta-se o número de páginas, capítulos, parágrafos, etc. dedicados a um sub-sistema, digamos o combate; faz-se a mesma operação para cada sub-sistema de jogo (magia, conflito social, conflito com a natureza, etc.); e depois compara-se em termos relativos o seu peso. Adicione-se as regras relativas ao progresso da personagem e veja-se quais os sub-sistemas de jogo que são determinantes para o avanço, e quais aqueles em que há mais atenção dada ao avanço.

Feita esta operação podemos ver aquilo que é suportado, aquilo que não é suportado e aquilo que é pouco suportado pelo sistema de jogo. Ora a verdade é que na generalidade dos sistemas de jogo de fantasia - e não apenas o D&D, diga-se de passagem - o fóco quase exclusivo está no combate. Mas, mesmo aí, há diferenças entre jogos e há excepções. Uma excepção, apenas para efeitos de comparação: o Pendragon.

Quando saímos da fantasia as coisas ficam mais nuançadas, com mais sistemas a darem atenção a outras componentes. Aí, muito por força de dois jogos: o Traveller, com a sua atenção à exploração de mundos; o Call of Cthullu.

E nota que para mim é tudo (ou pode ser tudo) roleplay. Para mim o combate é roleplay, não é necessariamente wargaming. É claro, eu teria de partir daqui para a distinção destes dois conceitos... e de outros francamente associados ao D&D. Talvez seja tempo de abrir outra discussão especificamente para debater este ponto, dado que ele foge muito ao tópico presente.

Sérgio Mascarenhas

Não há nada mal em discutir as coisas… Eu só estava a tentar fazer-vos falar mais acerca de MIM, eh eh. :smiley:

De resto, e concordo com o Sérgio, acho que deviam abrir outro tópico pois este não tem nada a ver com “primeiras impressões sobre D&D 4ª edição”.

sopadorpg.wordpress.com - Um roleplayer entre Santarém e Almeirim
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[quote=Lord_of_Blades]

Aqui houve uma falha de expressão minha, o que eu queria dizer é: Porquê a 4th edition é considerada MMORPG ou Hack & Slash e as edições antigas não o são pelos jogadores actuais, tanto que muitos jogadores actualmente preferem continuar a jogar as edições anteriores (3.5, 2nd e anteriores).[/quote]

Enfim, questões lá deles, dos jogadores de D&D. Curiosamente eu que nunca joguei MMORPGs, quando li e pensei sobre o D&D4 fiquei até mais com a impressão de que ele iria ser uma aproximação aos jogos de tabuleiro estilo Runebound. O que faz de novo sentido pois estes, como os MMORPGs, foram beber imenso ao D&D estilo dungeon hack & slash... Fiquei desde logo com a impressão de que seria uma questão de tempo até começarem a aparecer cartas para o D&D4, como veio a acontecer.

[quote]D&D teve sempre ao longo dos anos core rules, centradas sim em combate, e expansões em livros separados, com ambientação e histórias, os chamados Campaign Settings. [/quote]

[quote]Eu até tenho a «Red Box» na sua versão portuguesa. Não, não encontro la muita coisa que seja «bem mais do que isto». E tenho o D&D4. É verdade, há lá «mais do que isto», o que não há lá é «bem mais do que isto». Quer dizer, o rácio de regras para combate vs. as regras para tudo o resto é tão desequilibrado a favor das regras para combate que não posso de forma alguma dizer que D&D4 «é bem mais do que isto».[/quote]

Mas o Greyhawk e o Blackmoor começaram por ser nomes para mapas em branco onde se foram multiplicando os dungeons. Nada de errado nisso, diga-se de passagem. Mas isso distingue-os de outros universos de jogo, como Glorantha, por exemplo, que foram pensados primeiro como universos de fantasia, e depois como universos onde se podia jogar.

Sem prejuízo disso, até apontas aqui para uma questão importante quando se analisa D&D (ou o rpg em geral): não se pode olhar apenas para o livro de regras, tem de se ter em conta o que se faz com esse livro de regras. Por exemplo, por muito que o World of Darkness se venda como um storytelling profundo, o que ele é é fundamentalmente superheróis com dentes afiados...

Voltando ao D&D, é natural e compreensível que ele exprimisse na origem um roleplay muito incipiente. Afinal, era um conceito novo e em evolução. Mais que os autores do jogo, foram os jogadores que viram as possibilidades e que ultrapassaram largamente o jogo. Isso foi surgindo nos suplementos, mas encontrou expressão fundamentalmente noutros jogos, concebidos precisamente para incorporarem o que não havia no D&D. A partir de certa altura os designers do D&D (e os proprietários dos direitos que lhes dão instruções sobre o que fazer) passaram a viver num dilema: acompanhar a concorrência e incorporar conceitos que não existem no D&D; ficarem-se pelo que define o D&D desde a origem e que é a chave do seu sucesso, ou seja, não se meterem em modernices.

Comparando, o Windows da Microsoft não tinha um vrowser da internet desde a origem. O IE surgiu para colmatar uma «falha» não antecipada nem antecipável quando o Windows foi concebido. Seria descabido um fã do Windows vir dizer que o Windows sempre teve a capacidade de browsing...

[quote]Eu também tenho a Red Box e todas as edições desde essa à 4th ed. E mais uma vez digo que eu afirmei que as core rules de D&D sempre se centraram na questão do combate e que actualmente a única edição de D&D considerada MMORPG e Hack & Slash por muitos é a mais recente, facto o qual não compreendo.[/quote]

Sinceramente, nem eu. Aliás, nunca disse isso.

[quote]Um RPG inclui a utilização de uma coisa chamada Imaginação como utensílio para interpretar uma personagem e imaginar as situações descritas pelo DM. Haverá sempre aqui este elemento que não se pode confinar em regras. Um jogo de tabuleiro, como o Xadrez é isso mesmo, um jogo de tabuleiro, é o que está no tabuleiro e não passa daí, logo as regras têm que definir isso mesmo e o que se pode ou não fazer.[/quote]

O problema são os exemplos que demonstram que esta regra não o é. Por exemplo, o jogo francês Rêve de Dragon (tem edição inglesa com o nome Rêve: The Dream Ouroboros). O sistema de magia incorpora como ferramenta fundamental... um jogo de tabuleiro do século XVII! Outro exemplo ainda mais antigo: o D&D original. Nem sequer tinha um sistema de combate digno desse nome, pelo que os jogadores começaram a usar o sistema de combate de minis Chainmail.

O que isto quer dizer é que um rpg incorpora subsistemas que com frequência podem ser autonomizados e jogados por si. E se isso suceder, esses subsistemas vivem como jogos de tabuleiro, como jogos de miniaturas, como jogos de cartas, etc.

Isto quer também dizer que é possível transformar um jogo de tabuleiro num subsistema de rpg. O Xadrez, por exemplo, poderia ser transformado neste sentido, por hipótese para os combates de massa. Basta dar um nome ao rei, rainha, etc.; individualizar a forma destas peças; pôr um desenho bonito no tabuleiro; configurar situações de partida ao estilo do que fazem aqueles exercícios de xadrez que aparecem nos jornais; e aí temos o xadrez, transformado em componente do rpg.

Em suma, estás a colocar fronteiras absolutas onde o que há, quando há, são fronteiras porosas, pontos de passagem.

[quote]Eu não posso simplesmente pegar num Peão e investir contra o Rei em linha recta só porque imagino que isso seria uma coisa heróica para um simples soldado fazer. Em D&D, ou noutro RPG, eu tenho essa possibilidade...[/quote]

Depende das regras de combate. Eu não posso fazer isso livremente no D&D, por exemplo. Não posso simplesmente dizer, «invisto contra o rei e dou cabo dele». No D&D há todo um conjunto de regras que transformam essa expressão numa série de passos definidos pelo sistema. Ora eu posso fazer isso mesmo, sem mais entraves, com outros sistemas de jogo. E posso conceber um sistema de combate para rpg a partir das regras do Xadrez onde o comportamento do peão e do rei são executados de acordo com as regras do Xadrez. Mais uma vez, as fronteiras são porosas.

[quote]já imensas vezes vi neste forum gente a falar de D&D, com uma arrogância desmedida, como um jogo que apenas coitadinhos que não conhecem outros jogos "que são obras de arte" jogam, e nunca decidi intervir com comentários.[/quote]

Até pode ser verdade, mas não fui eu. Daí que ...

[quote]eu sei que campanhas corro quando sou DM e qualquer jogador que tenha participado nas minhas campanhas sabe que detesto Hack & Slash e que as minhas campanhas nunca se centram nas exploração de dungeons, mas sim nas interacções entre personagens e na história. Se me perguntarem se há combate, sim há. E ainda bem que tenho o sistema de regras de combate de D&D a apoiar-me quando esses combates surgem.[/quote]

Óptimo. Agora diz-me, qual é a mediação ou contributo das regras de DD para a componente do vosso jogo que se centra nas interacções entre as personagens e na história? Em que medida é que jogariam essas componentes de jogo de modo diferente se não estivessem a jogar com o sistema de D&D?

Sérgio Mascarenhas

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O facto de D&D ter roles, é uma benece na minha opinião porque ajuda o jogador a perceber qual o papel que terá que desempenha na party. No entanto será isso "castrador "como diziam aí em cima? Não me parece. Falo por experiência própria pois já fiz vários personagens, onde o role que é atribuido á classe difere enormemente do role que é desempenhado posterriormente no jogo pelo personagem. Deixo como exemplo concreto o fighter que consegue sem dificuldade cumprir o role de striker.

No entanto ( e não quero que pensem que é a minha opinião pessoal ) como é que não acham que limitar um personagem a 2 ou 3 beliefs, ou a uma ou duas frases curtas e bonitas não é castrador, e atribuir-lhe um role ou classe sim?

Pelo que me toca, eu sou daqueles que entendem que os roles (ou funções) do D&D são uma das qualidades do sistema, não são um dos seus defeitos! A razão é que o jogo de personagens, tal como a escrita dramática (seja o romance, o teatro, o cinema, a tv, a BD), obriga a simplificar e extremar as personagens, reduzir as nuances a acentuar os traços extremos. E isto por várias razões: Como já li algures, quem tem interesse em histórias banais de gente banal? Por outro lado, num filme que dura hora e meia não há tempo para nos dispersarmos por demasiada riqueza de caracterização nem por demasiadas linhas de acção. O mesmo se pode dizer de um jogo que dura algumas horas.

Em termos de jogo, é de toda a conveniência uma clara funcionalização da personagem. Isso não deve querer dizer, por outro lado, que essa definição clara de roles deva ser fixa e imutável. Num jogo continuado, onde a personagem vive uma sequência de situações dramáticas, é muito interessante a personagem evoluir. Mas a cada momento, em cada situação de jogo, convém que esteja bem definida a função da personagem. Assim como convém que esteja bem definido o seu objectivo, os obstáculos, enfim, os elementos básicos de um enredo. Se isto não estiver bem definido ou se os vários elementos não forem coerentes entre si, o jogo será desinteressante.

Sérgio Mascarenhas

O Grande Sensei Psy diz:

FALEM MENOS!

JOGUEM MAIS!

And there was much rejoooooooooooooooooooooooooooooooooice!!!!

P.S. E sim, Rick, existe de facto um movimento anti-D&D neste fórum. Sabes isso tão bem como eu, mas não vale a pena estar a voltar a esta discussão. Se queres melhor prova disso, cada vez que aparece alguém a dizer algo tão simples como "olá, sou novo, quero aprender D&D", a resposta imediata, em avalanche é: "Esquece o D&D! Os jogos A, B, C, D, E, F (...) é que são bons. Isto não é especulação. Isto são factos.

Quase todos nós começámos pelo D&D. Porque não dar essa oportunidade aos que agora chegam, e então depois deixá-los experimentar outros jogos?

Não vale a pena estarmos todos novamente a trocar bocas, até porque, tal como diz o Grande Sensei Psy:

FALEM MENOS!

JOGUEM MAIS!

Thumbs UpPig

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"D&D" https://sites.google.com/site/jrc589

Em poucas palavras então...

[quote=Psygnnosed]Isto são factos.[/quote]Link, por favor.