A Amiga da Onça: Episódio 6 - Dr. StrangeRon or: "How I Learned to Stop Worrying and Love the Setting"

Olha que eu pagava para ouvir o Senhor RicMadeira a dizer caralhadas como nós. Eu não desgosto de PTA, mas jogo PTA como uma GM, não como uma jogadora. A partir do momento que percebi que PTA era um jogo de GMs e não de jogadores, passei a gostar muito dele.

Mas verdade seja dita, o Ric era dos que mais defendia ea Amiga, e participava alegremente. Só, admito, nunca o ouvi dizer caralhadas, com grande pena minha.

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RPGénesis 2010: "Sete Dias de Criação" - Uma Semana a Escrever RPGs

Era mesmo pela caralhada que eu sei que ele não diria. Afinal já o conheço há uns 15 anos e acho que seria uma estreia. Mas nada é impossível. Há 48 horas eu também achava que não voltaria a botar faladura aqui no abre o jogo.

A única coisa que me chateia é não me teres posto a jogar mais do que um sessão de Kult (a tal história no hospital) para eu ter descoberto que o sistema era a merda do costume baseada em d20 e centrada na acção máscula e acabar por ter descoberto mais o setting a jogar o CCG do que a jogar RPG.

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A ordinarice atrai toda a gente. Deve ser o efeito Quim Roscas e tal.

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Ou provavelmente quando alguns andavam a perverter as intenções (ou a grande dose paciência santa) de alguns em vos mostrar que eram todos uns caras-de-cús cheio de fel mal-cheiroso a querer atribuir dogmas religiosos a jogadores de RPG tão laicos, tão laicos, que o mais certo era andarem a comprar a Playboy com o Jesus Cristo do que a comer hóstias dadas de graça.

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O problema dos MMI tem duas vertentes: a 1ª é que a maioria do pessoal que joga RPG não encara que esta seja uma actividade infantil e portanto de autoritarismo maternal arraçado de complexo de Édipo; a 2ª é que gostam de negociar (aceitar tacitamente) o que uma figura de autoridade lhes diz mas não gostam que lhos lembrem disso.

E eu por mim não quero que se destruam GMs… eu quero é que sejam todos GMs e assim darmos XPs todos uns aos outros como uma grande comuna hippie.

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[quote=Rick Danger]

Quanto ás teorias, penso que elas parecem ser maiores e mais malévolas do que, na verdade, elas são. Pode ser que alguém leie aquilo e interprete nelas algo de útil, pode ser que não. A maior parte dos roleplayers lê nelas algo dirigido a eles próprios pessoalmente ou algo que não faz sentido no âmbito das suas próprias experiências. Para quem gosta de RPGs, não é tanto o conteúdo das teorias que interessa mas a atitude de questionar porque é que as coisas são assim e como é que podem ser diferentes. Como é que pessoas com gostos antagónicos se podem divertir durante a mesma sessão de jogo? Qual é a relevância das regras quando um RPG pode ser jogado só à base de bom senso e imaginação? Há perguntas que vale a pena fazer sem necessariamente termos de ter uma resposta definitiva.

[/quote]

Atenção, que não é uma atitude questionadora que o GNS/Big Model tem. É uma atitude reguladora. O Edwards declara os RPGs divididos em três classes irredutíveis e se algum jogo tem elementos de mais do que uma, já não presta. Que os jogadores estão divididos em três atitudes e que ficam "perdidos" se encontrarem uma das outras duas. E se nos primeiros escritos parece que as três classes/atitudes (as chamadas "agendas narrativas" Gamism, Simulationism e Narrativism) se equivalem, depois se verifica que há duas que são boas, e pela ordem seguinte: N e G, e uma que é má e apenas jogada por imbecis, S. Após dias de decifração da escrita dele, consigo resumir o S num conjunto de regras que tentam simular uma dada realidade, ficcional e/ou real, G como um conjunto de regras onde os desafios vencidos dão recompensas às personagens, e há uma clara evolução destas e dos respectivos desafios (case in point, D&D, mas que no fundo acaba por ser qualquer sistema de evolução por pontos de XP, se estes forem ganhos quando se ultrapassam dificuldades), mas nunca, por minha fé, entendi o que era o N por ler os escritos desse senhor. Só extrapolando dos jogos que sairam dos autores desse grupo.

Infelizmente o universo dos jogos de simulação português sempre esteve muito mais ligado ao universo lúdico anglo-saxónico do que a qualquer outro. Se tivesse havido uma penetração maior do universo francófono, teríamos tido mais exposição à que foi a melhor revista de jogos de sempre: a Casus Belli. Revista francesa de jogos dos anos 80/90 - e não sou RPG mas também toda a espécie de jogos de tabuleiro e wargames, e alguns jogos de cartas. Muito antes do Ron ter tido a frustração toda de ter o Sorcerer recusado pelas editoras e, por raiva e despeito, ter criado uma teoria para demonstrar que o seu querido jogo é que era bom e os outros eram maus, na Casus Belli pensava-se o RPG, as regras, as atitudes à mesa, as mecânicas, os GMs, as responsabilidades... Aí sim, discutiu-se em vários artigos a razão de ser de muitos dos elementos dos RPGs - e dos wargames e váriso boardgames também, mas dava uma atenção muito especial ao RPG porque reconhecia a sua especificidade e unicidade no universo lúdico. Assim, Rons e quejandos com as suas bacoradas e com um vocabulário próprio inventado que é preciso decorar para entender o que querem dizer não me impressionaram com as suas baforadas de bafo quente.

Quanto à gestão de gostos antagónicos, que achas mais humano e decente: excluir todos os que não seguem o teu preceito (i.e. Agenda Criativa)? Ou encontrar um meio de todos se divertirem? Até porque gamers não há muitos (OK, talvez os haja a pontapé nos EUA, mas mesmo assim duvido) e às vezes temos de fazer compromissos. Que é o que faz um livro de Robin D. Laws que já referi nesta Thread. O Ron diz que não, excluamos os que não jogam como nós. E sim, ele dá uma resposta definitiva e completa para tudo, não uma interrogação de como as coisas são. Dele é uma "panaceia" para pôr os gamers todos no seu lugar, e uma hierarquia em que o seu Sorcerer e os jogos dos amigos estão no topo, o D&D e quejandos no meio, e os jogos da produção normal estão no fundo, umas porcarias jogadas por sub-humanos com danos cerebrais.

Ele até se dirige aos "coitadinhos" do RPG, os que estão num grupo de jogo sem se divertir e não o largam. Se o mais saudável a aconselhar a essas pessoas é "mas porque é que não fazes outra coisa" ou "participa e aprende a jogar e a participar, que não vais a lado nenhum se ficares só aí sentado e calado", ele diz mas é Ah, a culpa não é tua, é dos parvos dos outros jogadores e especialmente do tirano do GM. Lê aqui a minha palavra que eu resolvo tudo! E começa a dizer-lhe como os amigos são maus, como os GMs são tiranos, e que eles aprenderam isso tudo nos sinistros manuais de RPG que se vendem por aí que explicam tudo mal.

Isto de se dirigir aos insatisfeitos é comportamento seitoso, a recruta do elemento fraco. Outro elemento de seita é a linguagem própria recheada de neologismos e que não faz sentido a estranhos, servindo quer para isolar os elementos, quer para distinguir "os nossos" dos "outros". Outro é o líder detentor da palavra - o Ron. E outro é o evangelizar - depois têm de espalhar a "palavra" e a doutrina, e com esses tive a experiência directa na minha vida e na de outros, estragando campanhas vindo com os seus dogmas e quejandos. Ok, chamar a esse grupo uma seita é talvez demasiado forte. Eles não recolhem donativos, e as "lavagens ao cérebro" estão todas no legítimo domínio da persuasão. Podem destruir campanhas e grupos de jogo, mas não fazem suicidios em massa nem sacrificam a sexualidade ao líder. Acho. Espero! Mas o sentido de controlo está lá, pelo menos de controlo ideológico. Não são exactamente uma seita, mas têm elementos suficientes para me assustar, e muito. Ou tinham. Aparentemente, a influência seitosa diminuiu bastante desde há 3 ou 4 anos para cá. Será wishful thinking da minha parte?

Assim, Rick, o pensamento do RPG e das suas possibilidades e limites tive-o noutro lado, incluindo todas as pergunrtas sem resposta. Na Forge encontrei, foi, muitas respostas sem pergunta. Muita sobranceria que me chamava, implicita ou explicitamente imbecil se não fizesse o que eles queriam, e o pior de tudo, uma doutrina draconiana extremamente fechada e hermética arrogada em teoria que dava cartas de nobreza e direito à existência ao enorme flagelo do roleplaying que é o Roll Play. Aliás a maioria dos portugueses que conheço pessoalmente que aderiram de alma e coração a essas doutrinas são notórios roll-players. Os que não eram, tornaram-se depois. Não admira jogarem jogos que estão mais no âmbito do boardgame que do RPG - provavelmente nem se apercebem da distinção.

Estranho essa do Roll Play… É um neologismo tantas vezes repetido que já se passou a ser uma lei universal ou só não o é “místico” quando se fala com alta autoridade sobre o que é ou não é RPG?

Às vezes penso que sou solipsista solidário por ser bastante mais inclusivo e abrangente quanto a jogos que aceito como sendo RPGs.

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Man, para uma pessoa que se detesta tanto vocês seguem demasiado perto o que ela diz ou faz. É tipo biografia do Hitler e fetichismo nazista ou quê? Não têm mais nada que fazer?

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Desde que o vi de camisa psicadélica laranja e amarela com calções pretos lisos nesta GenCon levo-o menos a sério… Mas tenho curiosidade quanto às relações que andou a fazer entre o Hamlet e o RPG.

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Hás-de me emprestar essas Casus Belli de que me falas porque as que li nunca se discutia (ou pensava-se) o RPG nos moldes em que falas. Aliás, ainda há uma semana em Paris (na L’Ouef Cube se querem mesmo saber) tive um dos empregados (e roleplayer) a dizer-me que os “RPGs franceses eram mais sobre ambiente”. Acho que na revista se discutia mais o setting do que tudo o que está incluído entre mim e vós e o RPG.

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E o pessoal da Cruzada também não tentou um guerra ideológica com recurso a fraco nível de linguagem e que mais pareciam birrinhas de putos com pêlos de rabo na cara e com uma boca a cheirar a caixote do lixo? Com teorias esquizofrénicas da conspiração “iluminada” tipo “os aliens vieram e destruíram o meu grupo de cataquese porque transformaram a Bíblia num filme do Mel Gibson que toda vai ver ao cinema e eles também foram e não me pagaram bilhete a mim que não tenho dinheiro”? Com a transformação à distância de gente razoável em demónios da pior espécie que mais roçava o homo-erotismo “rockstaresco” das melhores alturas do David Bowie com cuspos nos pósteres que recusavam retirar das paredes mas “amavam odiar”?

A Forge mostrou-se muitas vezes como um grupo “self-righteous” bastante elitista e virado para ele próprio mas hey, alguns dos movimentos artísticos (ou think-thanks começaram e acabaram assim e nao é por isso que não se admiram algumas obras (ou ideias) por eles criadas ou apresentadas. Para não falar dos Cátaros… :smiley:

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Há excepçoes. Eu só sei que é um idiota careca que escreveu um monte de baboseiras que exigiam um glossário só para ler. Isto basta para perder a curiosidade.

Depois disso eu também não joguei mais nada, excepto uma campanha de Battlestar Galactica (e isso foi este ano). De resto, a jogar Kult comigo, mesmo antes nunca terias descoberto muito do setting (julgo eu), porque os jogadores dividiam-se entre os que não queriam saber do setting para nada e os que achavam muita piada, mas para ler, em em jogo queriam antes uma soap opera sobrenatural. Isto não foi javardo (foda-se!).

No tempo das threads politicamente correctas e educadas, havia por aí dois caceteiros mal-intencionados que chamavam estúpidos a todos os que discordavam deles -e que a “chefia” desculpava, dizendo apenas que eram um bocado brutos a falar, mas eram excelentes pessoas. Bom, isto porque a chefia e os brutos macacóides partilhavam da mesma opinião em linhas gerais, enquanto se alguém com outra opinião ultrapassase ligeiramente a linha da boa educação estava logo ameaçado de expulsão. Bom, enfim, de sua casa cada um manda embora o palhaço de quem não gosta e deixa ficar o monte de merda de quem gosta e é mesmo assim. Não obstante, os dois ditos caceteiros, que pela verborreia que por aí deixaram optaram por seguir o guru Ron mailos seus Story Games da treta porque não eram capazes de interpretar personagens nem que a vida deles dependesse disso, esse sim, de facto, citavam Ron como se fossem as escrituras. Consta que agora jogam D&D. May they rot in Hell.

[quote=LadyEntropy]Ninguém é imune a levar na tromba. Olha o pobre Rick Danger, que tadinho, tanto se esforça para mestrar para mim e eu só digo mal dele. Até tenho pena.[/quote]Do meu ponto de vista, tu é que perdes por não jogares roleplay mais vezes e com maior variedade, mas cada um tem os seus gostos e, mesmo assim, já jogamos Primetime Adventures e Inspectres, por exemplo. Entretanto, não deixei de jogar o My Life With Master, há-de haver alguém que queira jogar o Blood & Honor comigo e estamos para começar Dresden Files, por isso não me queixo.

Pois as expectativas são lixadas… De parte a parte.

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Mas essa Cruzada aconteceu numa galáxia distante, tipo rpg.net ou algo assim certo? Porque na altura em que eu fui suficientemente camelo para vir aqui discutir certos temas com caceteiros que comiam Razão de manhãzinha nos cereais a “gerância” era pró-Forge e fui atropelado por vários rolos compressores… E anti-Forge (que na altura nem eu sabia que era) estava cá eu e mais 2 ou 3 marmanjos, um bocado perdidos porque a maioria (a maioria activa, obviamente) andava por aí a disparar conceitos esquisitos para o ar como se isto fosse um western spaguetti. E de facto assim que comecei a discordar começou logo a história da Cruzada (que raio de Cruzada? Eu nem costumava ler fóruns de RPG tirando este e depois de uma ausência de umas semanas parecia que tinha aterrado na Twilight Zone). E não só a Cruzada como citavam um tal de Ron como se fosse a Bíblia. Acho que não posso ser acusado de ser um bastardo da merda por ter feito a associação de pró-Forge=seita. E lá que os escritos herméticos (e patetas) e as atitudes do guru que não é guru estão mesmo a cair para a “seitice”, acho que é inegável. Anyway, eu desconhecia a Cruzada, mas enfim, podiam ter avisado…

Eu por mim desconhecia que este site era um QG da dita Corja e infelizmente tive que aturar o ódio em estado líquido de gente que me tentava empurrar pela garganta abaixo que ele não só existia como andava secretamente (ou não) a lavar o cérebro aos ingénuos e inocentes. Ou que gente “marciana” eram de repente mestres do misticismo do RPG e portanto figuras de nota em convenções de RPG para grande espanto dos próprios.

Não foste o único bastardo de merda mas isso não quer dizer que tenhas razão, especialmente no que diz respeito ao western spaghetti já que é um género de filmes com algum mérito. E não tens medo que os outros bastardos de merda em outras áreas tenham inveja rancorosa de ti quando pensas que tens razão para falar e comecem a dizê-lo nos fóruns sendo eventualmente expulsos? :stuck_out_tongue:

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Aí está: ultrapassar fortemente a linha da boa educação quando não era um contexto certo é que é o problema (vide este thread).

Isso e preconceitos e dissociações cognitivas de idiotas que não eram capaz de reconhecer as coisas boas que algumas mudanças trazem nem que elas se chegassem ao pé delas com um cartão de visita a dizer “Coisas boas e novas do RPG dos últimos tempos, a seu serviço. (Uso não obrigatório)”.

E quando é que te tornas juiz de “interpretação de personagens”? É que eu queria canditar-me ao “Gygax” da Academia de Lake Geneva para melhor “actor” de personagens!

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