Agricultor

"Mas e Cayla? Ela foi escolhida por alguém? Ou isto é tudo o resultado de bons testes de aptidão?" - Sebastião nunca tinha compreendido o porquê da separação que tinha tido da sua melhor amiga de infância, e tinha decidido não confiar mais naquelas pessoas para quem as hierarquias eram mais importantes que os laços da amizade. No entanto, estava disposto a ouvir o que lhe tinham para dizer - "E porque é que ela teve de deixar o planalto?"

Chegam entretanto ao local onde Tull dissera que se poderiam proteger do vento. Se ele não te tivesse contado que este ponto fora, na verdade, construído como uma armadilha para possíveis incursões do Priorado, não o terias adivinhado.

Nisto, já o Tull se lançava em frente, quase deitado de lado, fazendo rodar as pernas uma depois da outra para chegar ao centro da estrutura. Depois de abrir a entrada para a galeria subterrânea vocês descem e continuam a conversa:

"É o Varão Alpha que nomeia todos os sete Primogénitos, de entre os melhores Varões de cada primogenitura. Depois disso, os nomeados ainda têm de ter parecer favorável da maioria dos Varões da sua própria primogenitura.

Quando a Cayla foi nomeada pelo anterior Varão Alpha, recebeu parecer unânime do resto dos Varões!"

Ouves o silvo do vento a subir de tom.

"Consta que, no início, a Cayla terá tido o apoio da sétima primogenitura e que, por isso, terá ganho a inimizade dos Primos Gama — mas há quem defenda ter sido ao contrário."

Abstrais-te do som do vento e, sentado numa saliência rochosa, tiras as coisas de dentro da tua sacola e atentas aos pormenores.

Envelope: O texto começa com a frase "primo do meu irmão, meu primo é" que, em conversa com o Tull, acreditam poder tratar-se duma frase chave ou um mote entre Primos... Mas logo vês que a missiva serviria como um certificado para que recrutassem o 'primo' que deixaram para trás como cozinheiro na cantina da mina de sal.

Bolsa: O cheiro da tal gosma adensa-se neste espaço fechado, e consegues reconhecer que se trata de um simples guacamole. No entanto, Tull diz-te que, adicionando-lhe os ingredientes certos, podes criar uma receita explosiva — literalmente.

Rabo-de-Cavalo: A côr do tufo de cabelo é muito parecida com a tua.

Olhando para os objectos que acabara de analisar atentamente, Sebastião começava a pensar no que iria fazer ao chegar as minas de sal...

"Tull, parece-me que as suspeitas de Cayla sobre as minas estavam correctas... resta-me agora tentar contactar com este empregador nas minas e entregar esta missiva. Ao falar com ele devo fazer-me passar por um 'primo', mas não sei até que ponto é que o disfarce pode funcionar... Se calhar é melhor não me apresentar como 'primo', e apresentar-me sem a carta de recomendação... Talvez me contratassem à mesma, devido à minha experiência... Que te parece Tull?" - Sebastião começava a ficar preocupado, e receava que se calhar era demasiada areia para a sua carroça - "... e o que faria aquele homem com este ingrediente de explosivo?"

Para se acalmar, ocupou-se então a procurar maneira de prender o tufo de cabelo ao seu próprio cabelo... caso viesse a precisar...

"Se calhar o lugar só está livre para 'primos' mesmo." — responde Tull, confessando: "Estava esperançoso de que tudo isto não passasse de excesso de zelo por parte da nossa Primogénita, mas agora estou a ver que os receios de Cayla se justificavam!"

Quanto ao tufo, digamos que as tuas mãos preferem o ancinho ao pente...

Pouco tempo depois, o vento deixa de soprar e Tull acredita já ser seguro continuarem o caminho até às minas de sal.

Pelo caminho, param apenas para comer qualquer coisa e molhar os lábios de vez em quando. E, com efeito, as montanhas que antes se desenhavam no horizonte estão cada vez mais próximas. "Vamos ter de subir a colina durante a noite para parecer a quem nos vir chegar de manhã que vimos do lado de lá do Alto Crescente." — atenta Tull. "Temos de proteger o Planalto de futuras intrusões."

Se tivesse tempo para dispensar até ao cair da noite, Sebastião tentaria de novo o disfarce usando o tufo de cabelo, pedindo ajuda a Tull... "Se este disfarce falhar Tull, vamos ter de arranjar uma maneira de justificar o facto de eu não usar o cabelo como um verdadeiro 'primo'..." - Algumas ideias já lhe tinham passado pela cabeça... - "Em último caso digo que fui obrigado a cortá-lo para passar despercebido num contacto que fiz com um neófito no planalto... mas que guardo comigo o cabelo que cortei... " - Era uma ideia arriscada mas que poderia também funcionar...- "Que te parece Tull?"

Desviam-se e começam a subir a colina para, depois de descansarem um bocado durante a noite, descerem mais a norte até à mina de sal. Não precisam de subir muito, no entanto.

Tull conta-te que já esteve por estas bandas antes e decide que é melhor acamparem um bocado afastados do caminho principal, que atravessa o Alto Crescente de um lado ao outro, para passarem despercebidos.

Quanto às tuas preocupações a respeito do tufo, Tull parece arranjar uma solução. Ao que parece a tal gosma, para além de ser comestível e potencialmente explosiva, parece que também funciona para fixar penteados...

Sebastião revia na sua mente, enquanto montavam o acampamento, como reagir à chegada às minas - "Tull, existe mais alguma coisa sobre os ‘primos’ que aches relevante que eu saiba, já que me vou fazer passar por um?" - E já mais calmo, próximo da hora em que iriam descansar, perguntava-lhe: "A minha vida foi passada no planalto como sabes, e tu Tull? Qual é a tua história?"

O Tull tem sido o segurança pessoal da Primogénita nos últimos anos. Antes disso, foi mestre da Segunda Primogenitura durante bastante tempo. Absorto em memórias, continua: "Cheguei mesmo a orientar o treino da Cayla... a nossa relação começou nessa altura.

"Mas deves estar a perguntar-te como é que conheço tão bem o exterior do Planalto." — sorri. "É que, para podermos ser Filhos Varões temos de sair do Planalto e visitar a nossa terra-natal, Emerson. Mas sem que nos descubram, porque o Priorado não nos quer por lá! Depois disso ainda voltei cá algumas vezes a pedido do anterior Alpha."

Pouco mais falam sobre o assunto e acabam por dormir cedo.

No dia seguinte lá se aproximam do caminho oficial e descem até às minas de sal. Não veêm ninguém durante o caminho; o Tull explica-te que eles têm umas gaiolas, que puxam por uns cabos, onde colocam o sal dentro de sacos e o levam para o outro lado da montanha, e que este caminho só é usado quando os trabalhadores vão ou voltam de férias, e pouco mais.

À chegada, apercebem-se de que existem duas minas de sal, uma de superfície e outra subterrânea.

O facto do 'primo' andar com um componente de explosivo consigo não saia da cabeça de Sebastião: "Será que eles querem causar algum acidente numa das minas? Será que este 'primo' era algum perito em demolições?..." - Virando-se para Tull concluía: - "Duas minas, mas a mina para onde este 'primo' provavelmente foi enviado, foi para a mina subterrânea... uma explosão numa galeria seria um acidente vistoso... e impeditivo..."

Dirigimo-nos então à mina subterrânea... Sebastião iria enfrentar alguns maus momentos, nunca tendo estado fechado em cavernas...

O Tull concorda: "Sim, uma explosão num dos tunéis seria catastrófica! No entanto, — contrapõe — acho melhor separarmo-nos. Tu segues então para a mina de sal de gema, e eu vou antes para a mina de superfície.

Seja como fôr, eu depois vou ter contigo à cantina para ver se sempre era a essa mina que tinhas de ir.

Depois combinamos como fazemos para nos voltarmos a encontrar."

"Ok Tull" - concordava Sebastião na hora da partida - "Vou esperar um contacto teu na cantina... Agora vou tentar a minha sorte junto do responsável pela mina de profundidade... Se um de nós falhar o contacto durante a semana que vem na cantina... podemos supôr o pior... e voltaremos ao planalto. Boa sorte Tull."

E assim Sebastião dirigia-se à entrada da mina de profundidade...

A entrada da mina está repleta de estatuetas escuras que parecem ter sido escavas nas próprias paredes.

"Se está a pensar que são feitas de pedra, está enganado! São feitas de sal." — diz-te um jovem simpático que por ali estava — "E representam vários episódios da vida d'O Primeiro Pai."

Perante a tua cara incrédula, continua: "Foram feitas pelo meu pai. E agora, também EU sigo os seus passos." — sorri. "Olhe, se por acaso passar pelo refeitório repare no tecto. Fui eu que o fiz."

Aproveitas então para lhe perguntar onde fica o refeitório, já que estás à procura da cantina. E ele, logo se prontifica a levar-te até lá: "Tenho muito orgulho na arte que o meu pai me ensinou." — explica-te.

Quando chegam ao refeitório ficas boquiaberto, tal era o nível de pormenor nos baixo-relevos que decoravam as suas paredes. E, quando o tal jovem escultor te aponta para o tecto, ficas quase sem respiração, tal era a complexidade dos emaranhados geométricos com que o sal tomava forma...!

De repente, aproxima-se um tipo com cara sorridente:

"Ó Helder, deixa lá o senhor em paz!" — e, virando-se para ti: "Não se preocupe, ele não faz por mal." — ao que te observa de alto a baixo: "É a primeira vez que vem cá, não é? Deixe-me mostrar-lhe a cantina."

Quando vira costas apercebes-te de que também usa rabo-de-cavalo. E, uma vez na cantina, vira-se para ti em tom discreto: "Primo do meu irmão?"

"…meu primo é." - respondia Sebastião, mostrando subtilmente o certificado que trazia consigo, tentando criar empatia com o seu suposto ‘contacto’ nas minas de sal. E ficava atento tentando sentir as intenções do ‘primo’ que estava à sua frente.

Vês que ele sorri ao ouvir a contra-senha e parece logo tratar-te de forma diferente.

E nem parece olhar duas vezes para o teu tufo. Dá ares de ser um tipo simpático e logo te mostra todos os recantos da sua cozinha, explicando-te quais os teus encargos — vais começar por cortar batatas e ralar cenoura.

Mas logo se vira para ti e, secamente: "Já agora davas-me o guacamole para o guardar aqui na arca frigorífica."

Sem dizer uma palavra, Sebastião olhou em redor e tirou o que restava daquela pasta entregando-a ao primo. Aguardando uma reacção, e reparando onde o primo a fosse guardar. Caso não houvesse mais nenhuma reacção, iria começar a realizar as suas tarefas junto das batatas e cenouras.

Ele abre a embalagem para cheirar o guacamole e guarda-o na arca frigorífica de seguida. E, virando-se para ti: "Vamos esperar por amanhã para o servir. Vêm aí uns miúdos da Academia, e eu quero que eles também sejam testemunhas da acção dos Primos Verdes!" — sorri.

Dito isto afasta-se, deixando-te aos teus afazeres.

Meu caro Sebastião, subiste de nível!

Tens de escolher em que classe sobes, se Strong se Dedicated. Tens direito a 2 Feats, 1 da lista da classe que escolheres, mais 1 de qualquer das listas:

[EDIT: Tens de escolher 2 Feats no total.]

Feats (1, Strong +1)
Animal Affinity - Bónus de +2 em Handle Animal e Ride.
Athletic - Bónus de +2 em Climb e Swim.
Brawl - Bónus de +1 em ataques à mão desarmada; 1d6 de dano não-letal.
Combat Reflexes - Ataques de oportunidade adicionais.
Power Attack - Podes subtrair ao lançamento de ataque para somar ao lançamento de dano.

Feats (1, Dedicated +1)
Alertness - Bónus de +2 em Listen e Spot.
Blind-Fight - Consegues lutar às escuras. Podes repetir o lançamento de ataque.
Iron Will - Bónus de +2 aos lançamentos de protecção de Força de Vontade.
Track - Consegues seguir pegadas, usando a skill Survival.
Weapon Focus - Bónus de +1 aos ataques com a arma seleccionada.
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Just when you think you've learned the rules, someone revises them.

Escolho Strong Hero

Feats:
- Combat Reflexes
- Blind-Fight

Sebastião ainda estava a tentar interpretar o último sorriso que o primo lhe tinha lançado antes de o deixar só na cozinha. "Eles vão mesmo explodir isto?". Enquanto realizava a sua tarefa de ralar cenouras e cortar batatas, para não levantar suspeitas, ía analisando atenciosamente os recantos da cozinha, pensando num plano para ‘estragar’ ou roubar o guacamole ou outro dos ingredientes explosivos que deveriam estar na cozinha. Estaria a arca frigorífica trancada? A cozinha teria alguma fechadura, e tendo, porque é que o primo não lhe tinha dado uma chave?.. À hora de almoço iria procurar por Tull na cantina, para discretamente o pôr a par dos acontecimentos…