De regresso às bases

Pedes sempre autorização antes de mandar bitaites? Não sei porquê, mas tenho quase a certeza que não :wink:

KoDT é um retrato de uma geração de jogadores de RPG. Sim, é uma sátira, mas á mais uma sátira às pessoas e ao seu mundo dos jogos (e por exemplo as suas visões sobre Raparigas à mesa do jogo) do que uma sátira à forma de jogar, na qual o autor (que o diz várias vezes) experimentava.

Nas secções “não BD”, o autor reconhece em mais que uma ocasião que teve a mentalidade “GM vs. Jogadores” quando jogava, e que era assim mesmo que se jogava na altura. Aliás, ele parece acreditar que faz parte do jogo mesmo esse tipo de atitude, e não está ali a meter uma coisa inventada. Aquelas coisas ACONTECIAM mesmo. Talvez não de forma tão espetacular (ou talvez de forma ainda mais espetacular) mas aconteciam.


“HOUSE FLAMBEAU - where you teach your apprentices by pissing them off until their will to set you on fire overcomes the stactic paradigm”

Olha que entre GameMASTER e Storyteller como titulo pomposo, acho que prefiro o segundo e sempre intimida menos.

Claro que obrigar os meus jogadores a chamarem-me “Game Mistress” tem o seu quê de piada.


“HOUSE FLAMBEAU - where you teach your apprentices by pissing them off until their will to set you on fire overcomes the stactic paradigm”

Eu não o faço, como é óbvio, mas isso nem de perto nem de longe responde à pergunta. :wink:

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Não te metas comigo, camarada; tenho n avisos à navegação, alguns deles em público, e não tenho medo de os usar.

Por acaso não me tinha apercebido ainda das conotações que a palavra Master trás com ela; Mestre para mim sempre foi uma palavra para indicar sabedoria, enquanto Senhor implica um grau de elevação em relação ao zé povinho.

Que giro, tanto uma como outra parecem mostrar um distanciamento, uma separação ou uma posse de conhecimento. E não digo isto ironicamente.

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Não te metas comigo, camarada; tenho n avisos à navegação, alguns deles em público, e não tenho medo de os usar.

Engraçado, Storyteller para mim nunca me soou distante. Sempre tive a visão de um tipo, no centro de um grupo a esforçar-se por entretê-los e educa-los, quase a fazer o trabalhinho todo enquanto os outros estavam ali a divertir-se.

Game\Dungeon Master parece alguem que comanda os outros, os domina, sabe tudo e eles nada…


“HOUSE FLAMBEAU - where you teach your apprentices by pissing them off until their will to set you on fire overcomes the stactic paradigm”

Olha que a tua visão de Storyteller como o único gajo que pode contar a história também não é nada de se desejar, diria. O_o

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Não te metas comigo, camarada; tenho n avisos à navegação, alguns deles em público, e não tenho medo de os usar.

[quote=jrmariano] e portanto jogá-la é possível de maneiras diferentes com a mesma intensidade que se pretende que seja diferente de qualquer outra actividade que não seja o RPG. [/quote]

Realmente está pouco claro. Quer dizer apenas que jogar RPG pode ser com mais ou menos imersão, mais ou menos autoridade criativa partilhada, mais ou menos invidualismo das personagens. O RPG encerra todas as possibilidades sendo que a única certeza que se tem é que um jogo com uma natureza própria mas etérea que só conseguimos distinguir dos outros jogos mas não o sabemos definir.

O post do jofazepa é este.

Tanto a referência ao NMHO e os "anglófilos nojentos" são piadas e não eram para ser levadas a sério (tal como acho que a tua referência original ao NMHO também o foi). No caso da segunda deve-se a eu tender a ser também um "anglófilo nojento" e por outro lado ser um professor de Língua Inglesa e Portuguesa. :)

O Mahell é outro utilizador. Parece que foste "fundido" com ele na minha mente. Desculpa o atrevimento! :D

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

O que me parece é que o se trata aqui é de uma questão de interpretação do que é o papel do GM. Como tu próprio dizes uns posts acima hoje estás mais interessado nos chamados storygames, logo é natural que interpretes o papel do GM nos jogos tradicionais à luz do que num storygame a distribuição dos papéis dos jogadores é suposto ser. Provavelmente há dois anos não pensavas da mesma maneira… Então vejamos. O “GM é o árbitro nas discussões”. É natural, o GM é o árbitro do sistema, portanto nada mais lógico que seja ele a lidar com eventuais conflitos entre jogadores. Em qualquer desporto um árbitro também não pode fazer o que lhe dá na telha, uma vez que está submetido a regras (claro que ao falar em desporto estou referir-me em abstracto ao papel do árbitro. Em actividade que movem dinheiro a corrupção é sempre um factor, mas os RPGs não se incluem nesta categoria. Pelo menos que eu saiba). O “GM é que faz a aventura”… Hmmm, até certo ponto. O GM prepara uma aventura em bruto (ou não prepara nada e faz tudo de improviso, também há desses), mas em última análise quem faz as aventura são os jogadores todos, uma vez que as decisões de cada um dos participantes devem afectar a evolução da aventura. Se não for assim, é railroading e o GM está a jogar mal (já sei que “jogar mal” é politicamente incorrecto, mas que se lixe). Se o GM é um railroader habitual, que vá brincar com comboios. E, finalmente, “a palavra do GM é final”. NOvamente se ele desempenha o papel do árbitro é natural que a palavra dele seja final. Mas final depreende que outras pessoas tiveram a palavra antes. Logo, a palavra do GM não é única. E se o GM abusa deste poder, novamente está a jogar mal, está a brincar aos ditadores. Vá jogar um jogo de estratégia no PC e deixe-se de RPGs… Convém recordar que todas essas expressões entre aspas foram retiradas do seu contexto e duvido que em algum jogo surjam assim, escritas na pedra, como mandamentos.

Experimentem uma sátira mais moderna, mas ainda válida, com base no Lord of the Rings:
https://www.shamusyoung.com/twentysidedtale/?p=612

Onde descobrimos que a irmandade do anel não passa de um grupo de RPG a tentar jogar contra o GM, que insiste que eles têm q ir deitar um anel qualquer num vulcão qualquer porque sim, e se não o fizerem são railroaded pelo Gandalf :stuck_out_tongue:

Concordo com o ricmadeira: as analogias são aproximações mas não “faróis” que delimitam o acto de jogar RPG. Apenas apontei um dos eixos da interacção possível entre jogadores. Julgo haver mais. Mais abaixo, na clarificação que fiz ao JB_Mael, espero que tenha sido mais explícito.

"Se alguma vez sou coerente, é apenas como incoerência saída da incoerência." Fernando Pessoa

Mas foi essa geração de jogadores que criou universos envolventes especificamente criados para rpgs como as gerações posteriores - e os proponentes de modelos alternativos - não foram capazes o fazer. Glorantha, Tekumel, Jorune, Greyhawk, etc. estão muito longe do modelo KotDT e largos pontos acima dos universos criados na última década, de maneira geral muito fracos tipo Exalted, para falar do único que teve verdadeiramente sucesso comercial.

A qualidade de alguns suplementos produzidos nos anos 80 está ainda por ultrapassar. Tudo isto aponta para o facto de que olhar para os rpgs entre os anos 70 e o início dos 90 pelo óculo estreito de KotDT ou do jogador adolescente tipo de D&D é no mínimo redutor.

O que, aliás, abre outra porta para compreender o porquê de KotDT: é sobre adolescentes masculinos e a sua forma de jogar. Ontem com guerreiros e dragões, hoje com transformers, é essa a sua mentalidade. Não há teoria nem variantes "revolucionárias" no sistema que dêm a volta a esta simples verdade: Boys will be boys.

Já foi respondido mas acrescento um ponto:

Não, nem todos os rpgs dizem isso. Muitos encorajam a criatividade dos jogadores, implícita ou implicitamente. O D&D deu a deixa desde os anos 70 com o encorajamento de publicações, algumas da TSR, onde se publicavam house rules e regras alternativas, o que implica um grande espaço para a criatividade de Mjs e jogadores para além das regras.

Os jogos antigos raramente falam em histórias. Eles pensavam-se como jogos e a palavra usada era "jogo". Como em qualquer jogo, viam com naturalidade a existência de regras. Conhecendo aquilo que estavam a pôr no mercado, os seus criadores sabiam que a natureza aberta do roleplay iria criar situações não previstas nas regras ou diferentes interpretações destas. Daí a necessidade de se arbitrar uma solução. E daí que a última palavra tivesse de ser dada a alguém. Por natureza o Mj era quem logicamente estava na melhor posição de preencher esse papel.

De há muito tambem que existe a expressão "your game may vary" ou "it's your game" ou equivalentes. Escuso de as explicar.

Em qualquer dos casos, a ideia era que o MJ criava o cenário. O cenário, repito. Cenário é também uma expressão do teatro. Neste ela não significa "peça", ora é esta que define a história. Mais uma vez, escuso de explicar em detalhe as implicações lógicas desta precisão terminológica.

Caramba, vocês devem estar com quase tanto tempo livre como eu... 14 respostas até à hora de almoço??!? E eu que andava egocêntricamente feliz da vida por pensar que mais ninguém tinha férias durante Setembro inteiro! Bolas, que me caiu um pedaço de felicidade. :P

 

Ora aqui vai por ordem e personalizado para o cliente, como de costume:

RicMadeira:

"A minha opinião é que essas analogias falham todas no que diz respeito a roleplay. Não esperem provar nada através delas, pelo menos a mim."

As analogias que cada um de nós usa para definir o roleplay estão directamente relacionadas à forma como o vemos e àquilo que nos atrai pessoalmente. Portanto é normal que muita gente não se identifique com o que várias pessoas dizem e como definem o roleplay. Mas, como em tudo, há pontos de vista que são mais fundamentados e que têm maior interesse em termos teóricos e/ou práticos. Cada vez que uma pessoa expressa uma opinião está, quer queira quer não (e usualmente quer), a tentar fazer credível e vendível um determinado conjunto de ideias. Mas não percebo muito bem o que é isso de "provar" algo, isto não são debates teológicos da contra-reforma católica, em que se comprovava que o Diabo existe porque precisamente nunca ninguém o vê. :)

Quanto ao facto de os jogadores de roleplay serem actores, continuo a achar que o são. Já o fundamentei, se quiseres rebater os argumentos que utilizei terei todo o gosto em ouvir. Quanto aos que utilizaste, devo dizer que há várias formas de escrever/criar e alguns deles envolvem mudar o mind-set quando se muda de narrador. Há inclusive obras inteiras (e dou como exemplo Song of Ice and Fire), em que o autor (bastante capaz por sinal) divide os capítulos por personagens e diz, ele próprio, que necessita de fazer uma certa adaptação ao acto de criação sempre que muda de paradigma. Portanto, de certa forma, ser jogador de roleplay passa por ser o responsável criativo do personagem que temos e nisso, o jogador de roleplay é autor. Dá-me argumentos mais fortes para que me tentes "provar" que jogar roleplay não envolve características de autor/criador. Estou sempre desejoso de esgrimir argumentos (de jeito, claro). :)

E, já agora, eu até nem tenho muito boa impressão dos actores, mas ROLEPLAY (ROLE-PLAY), envolve muito disso. É preciso enaltecer as virtudes que um bom actor TEM para o ser. E não os actores em si. Quero lá eu saber dos actores, são quase piores que os jogadores da bola! :P Lol...

 

SmasCrns:

Olha, a questão do prazer, do que é lúdico e que tu tão enfaticamente sublinhas é de facto muito importante. Tanto para mim como para ti, aparentemente. No entanto, tu preferiste pegar em tudo o que eu disse, menos nas coisas que são próximas às tuas. Eu não estava a perceber porquê, e isso confundia-me um bocado, mas acho que já percebi: tu encaras o PRAZER como sendo inconciliável com as outras coisas que eu refiro e, para além disso, parece que não reparaste que a tua definição de "viver um personagem" está em grande parte dentro do terceiro ponto que referi. Se calhar o problema é das palavras que utilizei...

Vou agora citar-me, visto que se calhar não viste ou não entendeste as minhas palavras como tal, no que toca ao prazer de jogar.

"(...) Nenhum autor tem o previlégio de poder interagir os produtos da sua imaginação com personalidades e entidades diferentes..."

Interagir é a palava chave, interagir é viver. Interagir com os produtos da imaginação... Pá, se isto não é VIVER uma fantasia ou experiência ficcional então não sei?

Quanto à palavra PRAZER, eu estou farto de falar nisso noutros posts meus, por acaso neste não estava isso em questão, portanto não fui por aí... Aliás, quem defende (e até se "pica", como alguns gostam de dizer, lol) é porque adora o jogo, e se o jogo só me pusesse a cabeça em água, então é porque não me daria prazer. Mas isso são outras conversas.

 

"Para mim o roleplay ocorre verdadeiramente quando mentalmente deixo de me distinguir da personagem, quando deixo de olhar para esta a partir do exterior, quando eu sou a personagem. Mentalmente nesse momento não olho para aquilo que faço como actor, autor ou colaborador."

Olha lá, então mas isto é uma forma de interpretar o personagem. É efectivamente fazer de actor e ao mesmo tempo de audiência interventiva. É muitas vezes aquilo que se quer e pretende no estilo de jogo Imersionista (do qual eu sou amante incessante).

Basicamente o que tu queres fazer é impedir que se analise cientificamente os componentes daquilo que é fazer roleplay, porque para ti é tudo junto e algo que é mais do que apenas a simples soma das suas parcelas (é algo sinérgico). Eu compreendo a posição, compreendo a paixão que existe por detrás dessa paixão. Mas acredita que nenhum de nós julga que roleplay é igual ou simplesmente ser actor+autor+experimentador (pelo menos não eu); estamos apenas a realizar exercícios mentais de análise ao jogo e formas de jogar.

 

"Mas quem é que fez isto alguma vez? Eu nunca li nada escrito pelos grandes autores de rpgs dos anos 70 e 80 onde estes dissessem que o MJ era o único autor do jogo que impunha aos basbaques dos jogadores. Isto é atoarda que alguns meninos lançaram há alguns anos para terem uns moinhos de vento com que lutar. Um exemplo para o demonstrar, a metáfora do rpg como orquestra (o que exige colaboração e co-autoria) vem do RuneQuest pelo menos."

Bem, estamos em 2007, não em 70 ou 80. De lá para cá houve imensa gente a falar sobre roleplay, "autores famosos" e ilustres desconhecidos nos seus sites e blogs e afins. A qualidade das suas participações não se prende à data do seu nascimento ou período mais activo. Sou sempre bastante adverso a que se invoquem "Bestas Sagradas" como argumento no meio de uma discussão entre colegas acerca de algo que todos conhecem e de que gostam.

Para além disso, e respondendo muito objectivamente à tua pergunta: se não concebes possível que cada jogador (como eu digo) é também um autor do seu personagem e da história em que está envolvido, então estás a ser contraditório. A verdade é esta: o DM e os outros jogadores acabam por ser co-autores da estória que vivem, que experienciam; o DM é um bocado mais quase sempre. Portanto, até nesta definição que tu sublinhas "NUNCA NINGUÉM DISSE..." que fosse apenas o DM o autor, está patente que jogar roleplay é também ser autor. Logo, das duas uma: ou admites que o jogador de roleplay acaba por ser co-AUTOR da estória ou não admites... E aí, quem são os responsáveis pela autoria da estória, se não é (e nunca ninguém o disse em 70 e 80) o DM o único?

E, finalmente, para ti Smascrns:

"Para mim o roleplay é uma emulação lúdica de vidas que eu não posso viver. Quanto mais se aproximar da vida tanto melhor. Encarar o que faço enquanto roleplayer, na vivência da minha personagem, como actor/autor/colaborador é tão artificial como na minha vida ortónima. Assim como nesta isso me tiraria o prazer de viver, fazê-lo no roleplay retira-me o prazer de jogar."

 

Eu também amo este jogo e aquilo que ele permite, não tenhas dúvidas acerca disso. Compreendo em certa parte o quanto te parece artificial toda esta conversa e definições; eu até sorrio só de pensar na tua indignação com este "vivessecar" do roleplay, coisa que estimas e consideras claramente boa demais para andar aqui a ser espartilhada e dividida em milhentos pedaçinhos sem interesse. Eu também sinto que jogar roleplay é muito mais do que estas definições e analogias que por aqui espalhamos. É muito mais, muito melhor, decididamente uma das actividades lúdicas mais fantásticas que existem! (e acredita, já experimentei muito).

E, para que ainda julgam que não me consigo pôr do lado dos que de mim discordam:

Analogia: As discussões e analogias acerca de roleplay são como aquelas revistinhas com histórias de sexo que se vendiam há umas décadas atrás. Pode dizer-se o que se quiser, descrever-se o que se quiser, mas isso não chega nem a lamber os calcanhares do que o que se passa na realidade! O Roleplay tem muito mais prazer e é muito mais do que estas definições e analogias que produzimos. Point taken, point granted! :o)

 

VERBUS:

"Hear, hear! Gostava de saber de onde veio a lenda que "nos RPGs antigos o GM jogava sempre contra os jogadores", porque eu li-os todos, o AD&D 1ª, o Runequest 1ª, o CoC 1ª, e encontrei sempre a divisão de atribuições, de acordo, mas muitos avisos que, de facto, os jogadores NÃO estavam a jogar contra o GM, mas sim desempenhavam papéis diferentes no jogo. E não, não vem da Forge, porque eu nunca li lá nada sobre tal lenda, nem mesmo nos diatribes anti-Gygax que o Ron Edwards lá faz."

Olha, voltando a falar dos autores comerciais e das Bestas Sagradas que também o sérgio invocou, só te digo o seguinte: se NÃO SABES que existe na comunidade de D&D imenso pessoal que joga e defende o formato "GM vs Jogadores", então és um FELIZARDO, pois escapaste a uma VASTA MAIORIA de pessoal. Espero sinceramente que começe a existir mais gente como tu, que nunca teve de passar por discussões e desilusões várias quando, ao conhecer e conversar com "supostos roleplayers de qualidade" (mtos anos de jogo) acaba-se por se perceber que não só são uma cambada de munchkins ultra-gamers, como também vêm no seu DM o inimigo SNEAKY, e o DM é alguém que necessita de massagens tailandesas ao seu ego, usando de poderes absolutos para fazer a vida negra aos PCs.

Se não sabes que isto EXISTE, se não sabes que contra isto muita gente batalha, se não sabes que nessas coisas que foste lendo ao longo do tempo aparecem as mensagens "o DM não é o inimigo dos PCs" aparecem lá pela SEGUINTE RAZÃO: há muita gente que vê o jogo assim, então estás meio fora da realidade.

Esta é uma questão que merece reflexão: então o que importa é o que meia dúzia de bestas sagradas, mais a TSR e quejandos escrevem, ou importa sobretudo o que depois vai acontecer na prática, na realidade, nos grupos de jogo? Tanto batalho eu contra estas porcarias de visões... Eu até aceitaria (como alguém teve o gracejo de sugerir noutro lado), que invento Moinhos de Vento com quem pelejar... Mas infelizmente eu VI e CONHEÇO muita gente que vê o jogo assim. Aliás... Para quem leu tanta coisa que foi publicada, decerto que também já leste muitos fóruns e etc do estrangeiro... Não se reparaste mas SEMPRE HOUVE discussões acerca disto. Como é possível negar que existe gente a pensar assim, se há centenas de threads, com milhares de posts acerca disto? Enfim, algo estranho pelo menos.

Que eu tenha reparado, ninguém disse que nas publicações comerciais ou seus criadores, vem escrito: "o DM é o inimigo do jogador".

 

Lady entropy:

"Nas secções "não BD", o autor reconhece em mais que uma ocasião que teve a mentalidade "GM vs. Jogadores" quando jogava, e que era assim mesmo que se jogava na altura. Aliás, ele parece acreditar que faz parte do jogo mesmo esse tipo de atitude, e não está ali a meter uma coisa inventada. Aquelas coisas ACONTECIAM mesmo. Talvez não de forma tão espetacular (ou talvez de forma ainda mais espetacular) mas aconteciam."

Isto serve para o VERBUS ler e vai de encontro ao que lhe disse logo acima. Só mudaria uma coisa, que é o verbo "ACONTECIAM". Passaria para ACONTECEM. Toda a gente que esteja minimamente dentro das discussões das comunidades de roleplay (sobretudo D&D), sabe que isto até é curriqueiro. Enfim, mais do mesmo... AInda estou incrédulo com isto do "mas quem é que alguma vez disse isso?". Vocês TÊM que saber que esta m-e-r-d-a é do que mais anda por aí a ser feita! Grunf...

 

(Peço perdão pelo uso do vernáculo, de que muito gosto mas que fica mal em fóruns. sorry sorry, auto-flagelo-me em honra do portal. strás!)

 

ps- caraças, quase que me apeteceu concordar com um dos posts do Rui... Devo estar a ficar radioactivo ou algo assim, já vejo coisas impossíveis. :)

Enquanto escrevia o meu post apareceram mais 3... Assim vocês dão-me cabo do juízo, lol. Agora os posters que abordei nem vão perceber que os tentei desmentir, insultar e vituperizar! Bolas bolas... Terei que fazer auto-propaganda aos meus posts.

Ric Madeira, Smascrns, Verbus, etc... Façam favor de ler o post 4º a contar para cima, a partir deste. lol.

 

JrMariano: eu acho muito bem que batalhes um pouco contra o exagero de estrangeirismos que é como uma peste bubónica a grassar pelos fóruns de RPG e quejandos. :) Quanto a teres-me fundido com outro user, isso é que já não posso aceitar! grrrr...

Vou ler o post que me indicaste e mais logo comento, tijei.

 

[quote=JB_Mael]VERBUS:

"Hear, hear! Gostava de saber de onde veio a lenda que "nos RPGs antigos o GM jogava sempre contra os jogadores", porque eu li-os todos, o AD&D 1ª, o Runequest 1ª, o CoC 1ª, e encontrei sempre a divisão de atribuições, de acordo, mas muitos avisos que, de facto, os jogadores NÃO estavam a jogar contra o GM, mas sim desempenhavam papéis diferentes no jogo. E não, não vem da Forge, porque eu nunca li lá nada sobre tal lenda, nem mesmo nos diatribes anti-Gygax que o Ron Edwards lá faz."

Olha, voltando a falar dos autores comerciais e das Bestas Sagradas que também o sérgio invocou, só te digo o seguinte: se NÃO SABES que existe na comunidade de D&D imenso pessoal que joga e defende o formato "GM vs Jogadores", então és um FELIZARDO, pois escapaste a uma VASTA MAIORIA de pessoal. Espero sinceramente que começe a existir mais gente como tu, que nunca teve de passar por discussões e desilusões várias quando, ao conhecer e conversar com "supostos roleplayers de qualidade" (mtos anos de jogo) acaba-se por se perceber que não só são uma cambada de munchkins ultra-gamers, como também vêm no seu DM o inimigo SNEAKY, e o DM é alguém que necessita de massagens tailandesas ao seu ego, usando de poderes absolutos para fazer a vida negra aos PCs.

Se não sabes que isto EXISTE, se não sabes que contra isto muita gente batalha, se não sabes que nessas coisas que foste lendo ao longo do tempo aparecem as mensagens "o DM não é o inimigo dos PCs" aparecem lá pela SEGUINTE RAZÃO: há muita gente que vê o jogo assim, então estás meio fora da realidade.

Esta é uma questão que merece reflexão: então o que importa é o que meia dúzia de bestas sagradas, mais a TSR e quejandos escrevem, ou importa sobretudo o que depois vai acontecer na prática, na realidade, nos grupos de jogo? Tanto batalho eu contra estas porcarias de visões… Eu até aceitaria (como alguém teve o gracejo de sugerir noutro lado), que invento Moinhos de Vento com quem pelejar… Mas infelizmente eu VI e CONHEÇO muita gente que vê o jogo assim. Aliás… Para quem leu tanta coisa que foi publicada, decerto que também já leste muitos fóruns e etc do estrangeiro… Não se reparaste mas SEMPRE HOUVE discussões acerca disto. Como é possível negar que existe gente a pensar assim, se há centenas de threads, com milhares de posts acerca disto? Enfim, algo estranho pelo menos.

Que eu tenha reparado, ninguém disse que nas publicações comerciais ou seus criadores, vem escrito: "o DM é o inimigo do jogador".[/quote]

Obviamente que conheço a mentalidade e o munchkinismo, e até tenho o Munchkin’s Guide to Power Gaming, e gosto de brincar e gozar com ela. A lenda que surgiu não é a do Munchkin/twink, que existe há tanto tempo como o hobby, mas uma que dizia que OS RPGs ANTIGOS ERAM ASSIM E PRECONIZAVAM E DEFENDIAM ISSO. Ora eu sou das pessoas que há mais tempo joga RPG neste país, e li-os (quase) todos. E se há munchkins de um lado e do outro do ecrã do GM, repito, NÃO É ISSO NEM NUNCA FOI O QUE OS PRÓPRIOS JOGOS PRECONIZARAM NOS SEUS MANUAIS. No Runequest, até já foi dito, o grupo de jogo foi comparado a uma orquestra com um maestro.

Paz,

Verbus

So I bless you with my curse
And encourage your endeavour
You’ll be better when you’re worse
You must die to live forever

- Jim Steinman - Dance of the Vampires -

Não digas isso que a malta chama-te velho :wink:

Nunca fui tão longe ao ponto de considerar os role players actores, mas vistas as coisas desta forma, realmente até são. Tendo em conta as características adicionais que apontaste no post anterior, claro.

Se eu fosse outra coisa, até me incomodava…

Peace,

Verbus

So I bless you with my curse
And encourage your endeavour
You’ll be better when you’re worse
You must die to live forever

  • Jim Steinman - Dance of the Vampires -

Ei, vamos a ter calma com o “pensar em termos de KODT é redutor”. Claro que é! Mas a questão aqui é que nos 80/70 foram os anos de transição entre a noção de colaboração GM\Jogadores e a mentalidade competitiva GM vs. Jogadores, que aliás é o ponto central desta discussão

Os suplementos eram bestiais? Seriam concerteza. Mas isso, neste aspecto é (usando um recurso que usaste) I-R-R-E-L-E-V-A-N-T-E. Porquê? Porque não estamos aqui a debater se KODT é bom, ou mau ou se os suplementos da altura incitavam ao GM vs. Jogadores (porque no fundo, esta confrontação vem de COMO quem se senta à mesa joga, não de como os jogos dizem que se jogam) ou não. Havia sim alguem intrigado porque é que se dizia tanto que “antigamente” havia mais aquela mentalidade dos GMs vs. Jogadores, quando afinal o D&D caixa vermelha insistia que o GM e os Jogadores não jogam uns contra os outros.


“HOUSE FLAMBEAU - where you teach your apprentices by pissing them off until their will to set you on fire overcomes the stactic paradigm”